E é engraçado como a gente muda com o passar do tempo. Então
a vida vai se tornando mais leve, e o peso das decisões equivocadas já não é
insuportável. A gente aprende a se perdoar. A se dar mais uma chance. E vai
parando com aquela obcessão de planejar a vida nos mínimos detalhes. Aprende a
deixar a vida nos levar. E já não importa tanto se estamos perdendo nosso tempo
com o cara errado. Importa sim a qualidade dos momentos passados juntos. Isso
por que a gente descobre que nada é eterno e que a vida é feita de momentos.
Bons ou não. Momentos. E só.
Então a gente deixa rolar. Já não há mais aquele desespero
para que as coisas saiam exatamente como planejamos. Se der certo, ótimo. Se não
der, amanhã é outro dia. A gente aprende a recomeçar. A recomeçar tudo. Um namoro,
uma amizade, uma profissão, uma massa de bolo que solou.
Quando a gente entende isso, consegue compreender melhor o
que nos faz felizes, sob o prisma do recomeço. E passamos a buscar por esses
momentos de felicidade. A partir daí, já não nos contentamos mais com nada que
seja ‘mais ou menos’. Afinal, por que
vamos ficar com algo ‘mais ou menos’ se amanhã é outro dia e sempre podemos
recomeçar? Desconstruir a utopia do ‘para sempre’ é preciso para uma felicidade
real, e não estigmatizada.
Sim. Caso você esteja, a essa altura, desconfiando, eu
confirmo: esse é um texto sobre
relacionamentos amorosos!
Eu fui feliz com todos os namorados que tive. E infeliz com
a maioria deles também. Quando isso ocorreu, sabia que era hora de partir,
apesar de doer. Nunca coloquei pontos finais, mas também nunca fiquei olhando
para o passado. Pois sei que nada volta. Sei que tudo muda. E isso incrivelmente é mágico!
Não sei quanto a vocês, mas eu já não me permito dispor de
tempo ao lado daquilo que não me faz bem. Não banco mais a pessoa educada perto
de gente chata. Já não dou mais abraços em quem não gosto. Deixei de atender o
telefonema de pessoas que já não fazem mais parte da minha lista de interesses.
Aprendi, nesse aspecto, a ser prática.
Desaprendi a ser sociável por pura escolha. Fico no meu canto, rodeada
pelas coisas que eu gosto, e só abro a porta do meu mundinho para quem me faz
bem. Não tenho nenhum tipo de problema com a solidão, caso ela resolva me
visitar. Tenho sim é medo de gente interesseira, invejosa, empobrecida de
sonhos e de fé.
Quero flores todos os dias. Quero música romântica no final da
noite. Quero beijo apaixonado. Quero alguém que esteja disposto a nunca deixar
de me surpreender, seja com uma palavra, uma atitude, um carinho, um sorriso. Quero
o inesperado, o improvável, o verdadeiro. É o que faz tudo valer.
E, se não for assim, amanhã é outro dia. Porque, como eu já
disse, o ‘mais ou menos’ nunca me interessou.