segunda-feira, 4 de abril de 2011

A decisão de não ter filhos

Normalmente as pessoas se chocam quando digo que não quero ter filhos. Ficam horrorizadas, escandalizadas (e, algumas, até revoltadas!) quando eu digo que não gosto de crianças. A verdade é que nunca gostei. Acho até bonitinho, fofinho, mas na estante dos outros. Digo, no colo dos outros.


Por muito tempo aleguei que não queria ter filhos pois sou egoísta demais para abdicar de minha liberdade em prol de um serzinho que dependeria única e exclusivamente de mim. Profanei a quem me perguntasse que não estaria nunca preparada para dividir meu tempo, meu dinheiro e minha atenção com uma criança. Balela. Fosse isso eu não teria nove gatos, dois cachorros e meia dúzia de cães de rua a que alimento.


Então cheguei à conclusão que egoísta é quem tem filhos! Normalmente quem tem filhos os tem para perpetuar seus genes (ainda que isso seja muitas vezes um desejo inconsciente), para ter alguém que lhes dê apoio na velhice, para ter alguém para projetar seus sonhos, alguém para amar e lhes amar, ou se orgulhar das boas notas, da aptidão pelo esporte ou por algum outro talento desenvolvido. E sempre (sempre!) esperam uma troca de afeto. Reciprocidade. Há sempre a idéia de receber algo em troca. Não venham me dizer que há total desprendimento, pois não há!


Em contraponto, o que posso esperar dos meus animaizinhos? Carinho? Não, quem tem gatos sabe o quão são independentes.

Disseram-me, há algum tempo, que eu ainda 'morderia a língua'. Que chegaria o tempo em que ser mãe seria uma necessidade. Talvez isso ocorra, mas eu dúvido muito. Adotar... Talvez. Conceber, gerar... Isso definitivamente não combina nem um pouco comigo. É a minha opção, e eu espero que chegue o dia em que as pessoas entendam e não recriminem quem optou por uma vida livre de amarras, livre da tal 'ordem natural das coisas', livre de compromissos que não estejam de acordo com a minha escolha pessoal de como viver cada um de meus dias.