terça-feira, 13 de setembro de 2011

E...

E quando meu rosto tocou o travesseiro naquela noite, era o teu cheiro que eu sentia. Então, eu quis escrever. Escrever dessas prosas loucas que nos invade o pensamento e manda o sono embora...

Em alguma rádio mal sintonizada tocava Patience, e eu pensei que nada poderia ser mais apropriado para embalar aquela noite insone, especialmente pelos ares de adolescência que essa canção traz. Sei que você saberá a razão de eu citar isso.

Estranho eu escrever assim, como se tivesse a certeza de que, um dia, você lerá essas palavras desordenadas... Mas você mesmo disse, certa noite, que eu escrevo tão bem. Eu deveria te agradecer o elogio, e esse texto talvez seja uma forma de te dizer obrigada.

E há tantas coisas que eu não sei, como sua banda preferida, o lado da cama que você dorme, a cor da sua escova de dentes... E tantas outras que eu descobri, como sua preferência por uísque, seu horror à calabresa, seu mal gosto para o futebol, e algumas das suas manias protocolares (é assim que você chama, não?).

Mas, entre as tantas outras coisas que eu já sei é que jamais poderei permitir me apaixonar por ti... Fique sossegado, menino. Eu também sou uma boa moça. Eu só vou lamentar e fumar um ou dois cigarros, beber um Cosmopolitan e esquecer, afinal você já deu as cartas.

Saiba apenas que isso não impedirá que meu pensamento voe até você na hora mais inesperada.

E a crise de consciência ainda não veio e então eu decidi que, enquanto for bom, enquanto a gente quiser, enquanto a vontade nos mantiver, de uma forma ou outra, ligados, eu te quero perto, ainda que eu precise esperar a primavera chegar.



“And it'll work itself out fine

All we need is just a little patience…

I can't have you right now I'll wait...”

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A ou B

E as pessoas te rotulam de tantas coisas, como se uma característica anulasse as demais. E então o cara é gay, aquela mulher é vagabunda, o outro tem problemas com drogas, a vizinha é fofoqueira, e ponto.
Como se não houvesse espaço para mais nada.
Como se não tivessem o direito de ser outra coisa a não ser aquilo que o rótulo impôs.
As pessoas, ora, não são apenas 'a' ou 'b'.
O rockeiro também acorda cedo para trabalhar, a vagabunda também cuida da avó idosa, o alcoólatra tem um poodle.
Meu caro, eu te digo: somos todos reticências. No máximo, algumas aspas!